Lembro muito bem do meu
ensino médio técnico em Informática no IFBA- Santo Amaro, em que era proibido o
uso de sites e aplicativos de redes sociais nos laboratórios de informática e a
senha do sinal Wi-Fi não poderia ser entregue aos alunos. Lembro também que, na
tentativa desesperada da socialização em rede, os estudantes burlavam o sistema
e, muitas vezes, conseguiam se conectar. Muitos estudantes do IFBA- Santo Amaro
não possuíam, na época, internet em suas
residências e a única possibilidade de se conectar era na instituição de ensino
ou em Lan Houses. É importante destacarmos
que os estudantes de classe média baixa, que não possuíam um computador em suas
residências, tinham como única esperança a escola para utilizarem esses
poderosos recursos da tecnologia. Entretanto, a escola, barrava a utilização e
bloqueava o acesso aos sites e aplicativos de redes sociais que a instituição
considerava "impróprios ", ou seja, as socializações em rede eram
consideradas impróprias e perigosas para os estudantes. Só era permitido o
acesso ao e-mail, a busca no Google, aos editores de texto e de apresentações
de slides, planilhas eletrônicas e alguns programas para ouvir músicas. Os
jogos eram proibidos. Em resumo, o acesso à internet era extremamente limitado
para os estudantes da instituição.
Diferentemente da classe
média baixa, em que boa parte dos alunos não tinham acesso ao computador e a
internet em casa, os estudantes das classes mais favorecidas conseguiam se
familiarizar mais facilmente com esses recursos, visto que já possuíam os
dispositivos e o acesso a internet em casa. Mas isso nem sempre é uma regra se
levarmos em consideração que muitos pais proíbem seus filhos de utilizares os
recursos da informática quando crianças.
A escola precisa mudar,
parar de criminalizar as tecnologias dentro dela e incentivar os alunos a
utilizar esses recursos de forma consciente, que permita uma construção
colaborativa do conhecimento e que explore a autonomia dos aprendizes.
Referência:
BONILLA, Maria Helena;
PRETTO, Nelson. Política educativa e cultura digital: entre práticas escolares
e práticas sociais. Revista Perspectiva, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 499 -
521, maio/ago. 2015.