sábado, 20 de maio de 2017

A escola analógica em um mundo digital.



O mundo vive um período digital, em que o bit - menor unidade de medida para a transmissão de informações, que é reconhecida na linguagem computacional por 0 e 1 - se torna importantíssima para nas novas tecnologias. Ouvimos constantemente se falar das tecnologias digitais ou da passagem do analógico para o digital. O modem, que muitas pessoas possuem ou já possuíram em casa, é um aparelho que transforma o sinal analógico, que vem da linha telefônica, para o sinal digital, aquele que é entendido pelo computador e vice-versa. Dessa forma, quando falamos em tecnologias digitais, naturalmente estamos abordando a linguagem que o computador entende, que é 0 e 1.
Vamos pensar agora na escola! Como era (são) as instituições de ensino? Sem esforços logo nos vem em mente a figura de um quadro negro, do caderno, dos livros didáticos, das apostilas, das carteiras enfileiradas, dos fardamentos obrigatórios, dos diários, etc. Esses instrumentos auxiliavam os docentes e discentes em sala de aula. Hoje podemos dizer que, muitos desses recursos, foram digitalizados. Se pensarmos no quadro negro, podemos facilmente lembrar da lousa interativa; os cadernos podem ser substituídos por anotações em um editor de texto; os livros didáticos já podemos encontrar em forma digital, sem a necessidade de tê-los fisicamente; o diário pode ser facilmente substituídos por um aplicativos de organização de tarefas. Mas, as escolas aderiram a digitalização dos meios analógicos? Infelizmente poucas instituições de ensino são equipadas com recursos digitais e as que possuem pouco utilizam esses aparatos. Se pensarmos no computador, percebemos que é possível reunir diversos tipos de mídias, multimídias e hipermídias. Essas mídias, se utilizadas de forma a ajudar no desenvolvimento da criticidade, no despertar da curiosidade do aprendiz, podem ser de grande valia para construção e compartilhamento do conhecimento, pois o estudante não receberá somente informações, mas também será participativo no seu processo de aprendizagem. Entretanto, não adianta utilizar recursos da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e continuar com as mesmas metodologias tradicionais de ensino. Desse modo, a potencialidade do computador, é diminuída ou zerada!  
Assim como mencionei na postagem anterior, os meios de comunicação evoluem rapidamente. Para exemplificar esse fato, a televisão , que antes possuía  transmissão de dados de modo unidirecional, sem interação com os telespectadores, hoje já disponibiliza interessantes recursos híbridos com características da Web 2.0. A TV, na grande maioria das vezes, está a serviço do capitalismo, divulgando bens materiais, influenciando e incentivando o consumismo exacerbado. Essa relação entre o homem e a televisão  se assemelha bastante a um modelo muito adotado em instituições de ensino, chamado de educação bancária. Na educação bancária o professor considera o estudante como um ser sem conteúdos, sem saberes e sem cultura. O educador nesse sistema é considerado o detentor de todo conhecimento, os quais devem ser transferidos dele para o aluno. Nessas aulas há pouca interação entre os estudantes e docentes. Assim, ocorre transmissão de dados também de forma unidirecional, sem troca de dados e sem diálogo. Logo, os alunos que recebem informações, as consideram verdadeiras, sem ao menos questionar ou tentar associar com os conhecimentos pré-adquiridos.
Quando falamos na cultura digital, no surgimentos de recursos digitais, não podemos deixar de mencionar a internet. Esse emaranhado de sub- redes, que formam uma rede gigantesca, mundial, que conecta computadores de diversas partes do mundo, tem seu papel imprescindível para as redes de socialização, de compartilhamento e divulgação de informações. É interessante pensar, que a internet consiste em um trafego de pacotes, que são roteados até seus destinos, que só é possível pela existência de uma pilha de protocolos que permitem a conversação entre diversos computadores e sistemas conectados a rede. Páginas são armazenadas em servidores de internet e nos permite a navegação, a busca por todo tipo de dados. Os hiperlinks são exemplos de como podemos navegar em páginas para  começarmos a fazer associações, mapas mentais para chegarmos a uma aprendizagem significativa. Vale ressaltar que um aluno, por exemplo, nesse processo, consegue seguir pelas informações a depender do seu interesse e da melhor forma para si próprio. Assim, se fizermos um mapa entre os estudantes de uma classe que navegue por hiperlinks, vamos perceber os diferentes caminhos seguidos.
Diante disso, a cibercultura está cada dia mais forte e presente entre as pessoas e é quase impossível, hoje, nos desvincular dela. O mundo se moldou a viver em função das TICs, que se tornou um recurso básico para quase todos os setores sociais e, inclusive, para as instituições de ensino. É uma pena que a maioria das escolas ainda resistem em utilizar as tecnologias da informática a favor da educação, com o intuito de melhorar o sistema de ensino. Vale lembrar também que, assim como as tecnologias mudam, os nossos estudantes também mudam e chegam as escolas com culturas diferentes, que não devem ser ignoradas. Os nossos alunos estão acostumados com o digital, o analógico é passado e, muitos deles, nem chegaram a conhecer objetos dessa origem.

Referência: 
 
SANTAELLA, Lucia. Culturas e Artes do Pós-Humano: da cultura das mídias à cibercultura. 2ª ed. São Paulo: Paulus, 2003 (capítulo 4).

8 comentários:

  1. penso que essa resistência só acrescenta à falência do nosso sistema educacional que eventualmente não terá outra saída a não ser se entregar. pena q isso leve tanto tempo e seja uma das causas pelas quais ainda não conseguimos fazer uso do total potencial das tecnologias.

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    1. Sim. Infelizmente! Mas, há também, outros fatores que influenciam isso.

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  2. Hola Jessica! que interesante reflexión! como docente de preescolar y primaria en Colombia he experimentado lo que usted menciona. Como maestros capaces de cambiar el entorno en el que nos desenvolvemos, somos responsables por estas mudanzas hacia lo tecnológico para hacer que nuestros alumnos encuentren relación entre las clases y el mundo en el que ellos se desenvuelven, que es el mundo digital.

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    1. A aprendizagem fica mais significativa se associarmos os conteúdos escolares a realidade do estudante. :)

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  3. Olá Jéssica, Diante da utilização das novas tecnologias nas escolas, torna-se preocupante a falta de formação dos professores para lidar com essa nova linguagem em sala de aula. Na maioria das vezes os alunos dominam muito mais que os professores. Encontrei esse vídeo que retrata uma parte da minha reflexão: https://www.youtube.com/watch?v=xLRt0mvvpBk

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    1. Concordo. Percebo não só a falta de formação, mas também, um certo receio diante do novo, da utilização de recursos que, de certo modo, pode melhorar o ensino-aprendizado. Falta também incentivo a esses profissionais e condições de trabalho.
      Não podemos esquecer também das infraestruturas deficitárias das escolas, que não ajudam o trabalho dos professores.

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  4. Oi Jessica, concordo contigo, precisamos pensar que não basta apenas ter tecnologias digitais na escola se as práticas permanecem as mesmas do analógico, é o que o professor Nelson Pretto discute inclusive, em seu livro "Uma escola sem/com futuro" é preciso uma mudança estrutural da educação, que perpassa o acesso, mas não se limita a ele, é preciso políticas públicas, valorização e formação do professor, entres outros!

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  5. Será que todos nossos alunos estão acostumados com o digital? será que o analógico é passado? ou possa vir a ser passado? É preciso analisarmos o conexto de onde vêm nossos alunos e também cuidar para não achar que tudo virou digital. Lembre-se, nós somos essencialmente analógicos, então como deixá-lo no passado?

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